
Hoje me emocionei com uma pequena cena pequena. Após trabalhar o dia todo, peguei meu metrô de Botafogo para Ipanema. Minha cabeça doía um pouco, talvez pelo frio bizarro nesse Rio de Janeiro dos sempre 40˚C. Eu nem mesmo sabia muito bem para onde olhar, e fiquei tentando segurar minha cabeça com cara de boba, os olhos fechando.
Na minha frente, havia um garoto. Devia ter seus 20 e poucos anos. Tinha um brinco na orelha esquerda de pedrinha branca, a pele era morena, cabeça raspada. E apesar de estar arrumado, era fácil perceber que ele era um trabalhor, ou não.
Com seus braços, ele segurava uma mochila da Nike preta com 3 zipers, brilhante. E cada vez mais, ele abraçava e apertava aquele pedaço de nylon. E foi aproximando de seu rosto com tanto carinho e tão disfarçadamente que parecia querer beijar os lábios da mochila. E foi chegando mais próximo. Quando percebi que ele fechou os olhos com delicadeza e juntou seu nariz no preto do objeto e respirou contente e relaxado o aroma da mochila.
Foi então que percebi, pendurada nela, havia uma grande etiqueta laranja e enorme. Sim, a mochila da Nike era nova, era o cheiro do novo, e apenas ele poderia dizer o quanto havia trabalhado e feito sacrifícios para ter aqueles pedaços de nylon com brilho. Não era um objeto, era o sonho, o prazer, uma delíicia.
O trem parou na General Osório, e todos desceram. Levantou-se, com calma, colocou o aparato em suas costas, como não
faria nem com a mulher dos seus sonhos.
E seguiu orgulhoso. Contente, satisfeito, dono de si.
Talvez tenha sido um presente do dia dos namorados, dela para ele ou dele mesmo. E sim, não mentirei, hoje também darei um grande presente para mim. Darei uma dose de wisky com uma pedra de gelo e uma hora de leitura. Ah, que felicidade. Então, assim, poderei seguir contente e satisfeita e dona de mim tal como o menino do metrô.
Feliz dia dos namorados para todos.
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