domingo, 27 de junho de 2010

Fiat modus!


Quais são os parâmetros que devemos adotar ? Será errado o encantamento e mudança drástica de foco ? Desde bem pequena eu desejava criar, eu apenas não sabia qual seria a minha porta, a minha faca, o meu suporte. Deparei-me com várias portas, algumas abri como a da fotografia, outras espiei como a da filosofia, e outras observei como a da gastronomia. Cortei pápeis, livros e queijos. Usei câmeras, canetas e panelas. Flutuei contente, viajei para vários lugares. Eu estava tentando encontrar uma resposta. Perguntei à torre Eifel, à estátua da Liberdade, aos quadros do Rothko, e até ao Gaudí. Não puderam dizer-me nada. A resposta estava ardendo em meu coração. Mas como falo tanto, debato-me tanto, reclamo tanto, não pude ouvir. Agora fiquei quieta, deixei minhas palavras serem absorvidas pela minha carne. Abri apenas os ouvidos internos. E pude escutar claramente, foi ali, através de um e-mail amigo. E assim, entendi, aceitei e respondi. Digo sim, definitivamente digo sim. Não fugirei do que sempre fui e do que continuo sendo. C’est la mode, c’est ma vie, c’était toujours ma vie. C’est chez moi. C’est dans moi. Fiat modus !

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sou rasa

Havia um senhor subindo a escada rolante, era bem velhinho, percebi um afastamento dos outros. As pessoas têm medo da velhice. Apenas não sabem que a doença não é da idade, começa dentro de nós como veneno desde jovens e tenros. O metrô é como um formigueiro. Segui distante, absorta em meus pensamentos. As lágrimas pulavam dos meus olhos em suicídio. Eu não estava triste de fato, apenas com medo. Apavorada com a doença que nos cerca e nos contamida diariamente através de todas as coisas mais desejosas. Como eu poderia ser direta, se a direção mais óbvia era examente agir em linha reta ? Eu não poderia mais. Daqui por diante, desculpe-me, tentarei ser mais distante, tentando afastar-me do meu próprio eu, do meu dasein. Perco-me inconsolavelmente dentro do meu passado. Não há mal nenhum. São apenas sentimentos malucos, inraivecidos pelo tempo, conclusões precipitadas e margor que nem toda saliva pôde limpar. Sou honesta : sou rasa como piscina olímpica, cruel como uma freira, e doce como uma grapefruit. Eu apenas queria uma conversa mais amena, sem preocupações de inteligência ou superavit. Apenas umas boas risadas com bons erros de gramática. « Me dá um abraço ? Tô precisando tanto. » É assim que eu diria, com toda inocência e todo carinho.

sábado, 12 de junho de 2010

Menino do metrô


Hoje me emocionei com uma pequena cena pequena. Após trabalhar o dia todo, peguei meu metrô de Botafogo para Ipanema. Minha cabeça doía um pouco, talvez pelo frio bizarro nesse Rio de Janeiro dos sempre 40˚C. Eu nem mesmo sabia muito bem para onde olhar, e fiquei tentando segurar minha cabeça com cara de boba, os olhos fechando.
Na minha frente, havia um garoto. Devia ter seus 20 e poucos anos. Tinha um brinco na orelha esquerda de pedrinha branca, a pele era morena, cabeça raspada. E apesar de estar arrumado, era fácil perceber que ele era um trabalhor, ou não.
Com seus braços, ele segurava uma mochila da Nike preta com 3 zipers, brilhante. E cada vez mais, ele abraçava e apertava aquele pedaço de nylon. E foi aproximando de seu rosto com tanto carinho e tão disfarçadamente que parecia querer beijar os lábios da mochila. E foi chegando mais próximo. Quando percebi que ele fechou os olhos com delicadeza e juntou seu nariz no preto do objeto e respirou contente e relaxado o aroma da mochila.
Foi então que percebi, pendurada nela, havia uma grande etiqueta laranja e enorme. Sim, a mochila da Nike era nova, era o cheiro do novo, e apenas ele poderia dizer o quanto havia trabalhado e feito sacrifícios para ter aqueles pedaços de nylon com brilho. Não era um objeto, era o sonho, o prazer, uma delíicia.
O trem parou na General Osório, e todos desceram. Levantou-se, com calma, colocou o aparato em suas costas, como não
faria nem com a mulher dos seus sonhos.
E seguiu orgulhoso. Contente, satisfeito, dono de si.
Talvez tenha sido um presente do dia dos namorados, dela para ele ou dele mesmo. E sim, não mentirei, hoje também darei um grande presente para mim. Darei uma dose de wisky com uma pedra de gelo e uma hora de leitura. Ah, que felicidade. Então, assim, poderei seguir contente e satisfeita e dona de mim tal como o menino do metrô.
Feliz dia dos namorados para todos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Caledoscópio de FAMÍLIA


Qual é o sentimento adequado para uma hora de colisão ? O que devemos pensar e quando devemos agir, ou não ?
Uma vez quebrado, o encantamento torna-se nulo, faísca morta em madeira.
Senti-me nula e zonza. Tonta de raiva misturada com desespero e até um pouco de orgulho. O sentimento de não entender querendo continuar no escuro para não enxergar que os errados somos nós mesmos. E quando o sofrimento invade de tal forma seus pensamentos e veias que, até seu baço responde negativamente em uma sessão de acupuntura de quarta-feira após trabalho.
E a certeza prazerosa de saber que depois disso tudo, você poderá ouvir de forma sonolenta as conclusões filosóficas de um querido professor.
É vazio, é constrangedor ter que retomar todo o carinho perdido. Desculpe-me se digo : talvez sou culpada de tão inocente que quis querer ser. E não continuarei indagando minhas reações, pois, estas são mais obscuras que minha própria visão da realidade. São como imagens sobrepostas vertiginosas querendo alcançar minha alma partida e perdida em algum lugar qualquer.
Hoje, fico só, apenas com algumas ideias bobas, um nariz escorrendo e um trabalho sobre Lucas Nascimento. E viva a complexidade das tramas de tricô.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

You gonna make me lonesome when you go

Não seria uma má ideia transformar toda essa filosofia de vida em um amor de vida. O passado garante nosso futuro e eu espero firmemente alguém para “light up my life”.

O que seria a ilusão passageira de duas pessoas que se debatem em espasmos esperançosos? Eu sonho, idolatro o conhecimento. Diplomas? Não são eles, eles apenas provam, é como uma ficha criminal do bem.

Eu resolvi seguir distante e não pude. Fui puxada para linha de fogo, e tivemos nosso primeiro encontro secreto, nosso primeiro toque, ali, assim, na frente de todos. Ele chamou-me para dançar com palavras e imagens. E deixamos a valsa cantarolar em meio a cadeiras feias e luzes claras.

O cenário é algo de Madeleine Peyroux e Chet Baker. Mistura suave e dançante. Apenas com muitas testemunhas. E ninguém viu nada, testemunhas cegas. Ninguém ouviu nada, testemunhas surdas. E eu ali, eloqüente e apaixonada., consegui manter contato visual com o mito. Este que saiu de dentro da caverna apenas para me ver passar. Deixou para trás suas pedras e tudo mais, apenas para me ver voar.

“Don´t cry, cry baby, there is no one but you”.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Lucas Nascimento Verão 2011


Lucas Nascimento impressionou, mas não pelo seu desfile sem graça. E sim pelo seu expertise.
E ele atendeu bem ao primeiro ponto para ser um artista de verdade por Mário de Andrade: ser um bom artesão.
Na verdade, assistir a um desfile e não saber chongas do que está acontecendo é null. Então, pesquise antes de sentar-se quem é aquele estranho que apresentará 15 looks em nem 10 minutos e você ali sentada na seção C na fila C descobre que está no assento errado. Who cares? O crachá é a intenção e a caruda. Ninguém pedirá que se levante. Então, aproveite a sensação.

Chegando em casa, liguei o GNT, e descobri. Foi como um clique mágico, ver seu desfile foi como ver a exposição de Soulages no Pompidou sem ler o conceito, é vazio. Sim, aqueles tecidos não eram apenas tecidos com leves transparências, eram sim, tricô. A arte de minha avô. Da sua avô. E ele domina. E mais do que isso, ele modifica, descontroi para reorganizar de acordo com suas próprias regras e vontadinhas.

E nesse momento, percebi que posso confirmar meu comentário quando me perguntaram se havia gostado do desfile de Lucas. Eu apenas disse que ainda estava digerindo.

É a vida, normalmente, não sabemos de nada. Só que um pouco de conhecimento engradece a experiência. E gera, também, oportunidades.

E esse foi meu último dia de Fashion Rio. E o primeiro dia de uma saga.