
Talvez a falsa linearidade já tenha cansado nossos caros leitores... manteremos pois assim, uma cadência sublime para que possam relaxar, e sentir os ares de ruas que já fazem parte do meu corpo e de meus atos e gestos...
Dançaram-me para o final do amor... conduziram-me para tons que não alcanço. As notas das músicas podiam ser vistas nas nuvens.
Ah, abro mão da linearidade, mas não dispenso a ternura das melodias que possuem um sentido. Pelas lentes de uma D40 mudam-se os pontos de vista. Até para aprender que há outros além dele... Talvez nada que o substitua, entretanto, com excitação no coração, as coisas acontecem.
Existem várias forma de conhecer o Sr. Eiffel. Uma delas, se os senhores me permitem, é sentindo o fresco da grama vendo brilhar as luzinhas mais delicadas de toda a realeza. O que posso dizer de uma semana na capital francesa, um país chamado Paris. Toda uma seqüência suave de acontecimentos que nem sequer possuem uma forma ou maneira de existirem nesse mundo. Ouço o som de violinos, vejo sombras dançarem para mim. Todas as sensações que um lugar pode te oferecer. Terei que ser um pouco metódica. Esta história mais para estória que as outras.
Até então minha mente estava vazia, não podia me apaixonar por causa da coluna. Sabe quando amamos, carregamos muita bagagem conosco e minhas malas já estavam cheias por demais. Desfiz de tudo quanto pude antes de deixar minha toca. Vivo numa toca muito confortável, tem até água corrente. Se vocês soubessem como senti falta daqui. Descobri que as coisas só acontecem por algum motivo muito definido.
A última coisa que me lembro foi eu ouvindo Garota de Ipanema em Brugge cantada por dois rapazinhos cheios de espinhas no rosto. Como pessoas tão jovens podem cantar sobre o amor? Eles não sabem nada sobre o amor. Não me incluo, pois eu não sei mesmo o que é o amor e nunca saberei. Apenas posso dá-lo, porém nunca, nem mesmo por segundos, poderei explicá-lo.
Cenas: eu desesperada para falar com o Tal. Adorei este nome. Combina com ele, pois não o conheço e no mesmo exato segundo senti-o tão próximo dos meus olhos. O telefone engoliu 50 centavos de libras meu. Ali decidi que era o suficiente para passar por tudo aquilo. Segui procurando um parque escondido, havia lojas de Cd´s antigos, pessoas solitárias que te olham como se você quisesse falar olá para elas. Olhava para casais sentados em cadeiras de parque, um lago obscuro e patos e gansos brancos como nem as nuvens eram naquele lugar. Senti abandonada e perdida com a minha lata enorme de Pringles. Fui seguindo as luzes até que elas me levaram para um caminho mágico, com cores pastéis e seres encantados.
Deixei-me levar por todo aquele sonho e deparei com esquilos saltitantes, posando para mim, o sol bailando e construindo sombras e nuances de rosas incríveis. O que eu poderia pedir mais? Aquela é a beleza da vida. Foi então que refleti sobre o que tinha nos ligado sobre o que falávamos: liberdade. É o tom da época, é o status quo, é a alma e tudo o mais que podemos inventar para falar de comunicação. É nosso e por isso é refortalecedor. Cada um seguia um destino em todas as cenas, eram momentos fulgázes que nem cabiam no relógio. Entrei no “tube” e pensei sobre aquele projeto tão bem estudado e cuidado. Senti-me em uma aula de design. Entretanto, era real, estava tudo alo ao alcance dos meus olhos famintos. Engoli cada grão nas fotografias, cada emblema, toda a sujeira.
Queria beber um “Stella Artois”. Serviram-me, no pub britânico perto do meu albergue
Virei a página para recomeçar, estou presa em “Closer”. Londres é tudo o que eu pensei. Gosto de estar longe de tudo o que já conheço para observar. Sinto-me bela, a cerveja é bronze. E eu sinto frio. A cerveja é quente como gosto. Todos sentem frio, todos querem dormir abraçados.
Homens não gostam de garotas no balcão. Poderia falar horas sobre isso ou não. É bom poder pensar. Eu estava ali muito bem acompanhada da minha Stella e do meu skate. Parceiros ideais. Ouvi Fergie, Britney Spears e Cramberries. Comi steaks.
Tive pesadelos com pássaros, acordava e comia o que tivesse na frente. E ouvia vozes das pessoas que dormiam comigo. Até o inglês que vivia ali como o check out do Hotel Califórnia e o escocês que falava que feijão dava peidos, todos eles vaziam parte de um dos layers dos meus pensamentos. Eram sobreposições de imagens que não me levavam a lugar algum. Acordei no dia seguinte arrastada pela onda de cheiro das salsichas que subia do porão. Levantei e fui em direção aqueles barulhos de filme cult, como no filme que depois vi em Amsterdam “This is London”.
Senti o cheiro de tudo aquilo, filmei com os olhos todas as cores dos bifes e feijões, tortinhas de morango e ovos mexidos. Fiquei ali emocionada com o meu último dia no lugar. Meu corpo tremeu com tantos sentimentos avassaladores. De Stellas a skate, de amores impossíveis a fugas e mentiras boas; todos unidos pelo único desejo que me mantinha forte: buscar a fotografia perfeita.
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