E se for medo ? Eu poderia dizer que sim. Eu estou há dois dias devastada pelos meus medos, furiosa por uma possibilidade de falha. Por fim, pergunto-me : e qual é a diferença ? O que me trará realmente a glória ? E o mais importante : o que é a glória ?
Debato-me entre mundos avessos, entre discursos homólogos, vejo-me presa em descrições que nem sempre têm nada a ver com o real sentido daquela dialética. E causa-me até ira. São jogos, são politicagens. São políticas. A mesma política que fez da narrativa algo secundário, da arte algo banalizado e de todos os sentimentos algo fragmentado.
Na realidade, eu apenas gostaria de saber o conceito inicial da criação. Deixe-me ser mais clara. É como o cinema e a pintura. O cinema já foi feito para ser reproduzido, e este é seu conceito inicial. A pintura, não. É algo divino e divinizante, é puro e cruel. É sublime tal como um limão. Ou uma laranja. Então qual será a glória de cada um ?
Eu fico triste em ver « artistas » conversando com conceitos estranhos ao seu universo, ganhando milhazes de dólares por elementos gráficos e esquecendo-se do pictórico. E tornam-se divertidos e fofos, tal como a Sandy, o Faustão e a Xuxa. E o pior é ouvir « eu sou uma artista bem sucedida ».
Apenas três letras para esta frase : W T F.
Este discurso é excelente para um advogado, para um economista e até para um designer que já formula sua criação como algo reprodutível e economicamente viável.
Confesso que esta análise deixou-me doente, com dor de barriga e dor de cabeça. Perdi meu domingo, minha carne apodreceu na bancada e eu perdi a Callas.
Eu realmente não quero convencer-me de que ser artista é ser bem sucedido (R$), pois se este episódio acontecer, será o mesmo que dizer que minha vida foi em vão, que tentar entender milênios de história foi obsoleto, que todo o sentimento do universo não teve narrativa e que eu me resumo em um cheque pré-datado. Eu não admito isso e se ainda existe algo em que eu acredite, é a arte. É o que me resta, é minha redenção.
Calma, amiga, a Arte te salvará. Adorei o texto.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário.
ResponderExcluirEspero que a arte possa me salvar.
Vou precisar dela.
Boujou
Ana