domingo, 23 de maio de 2010

Montjuic


E se eu parar e pensar em tudo o que li há pouco. Na verdade, eu parei. Tenho medo de admitir que sim, fiquei desnorteada, perdi o sono, e queimei a banana caramelada. Fui ao Facebook deletar Bruno Santracroce da minha lista de amigos. Ele não era meu amigo. Entreguei alguns dos meus medos à ele, meu corpo também, meus beijos e minhas suavidades. Deixei um pouco da minha saúde naquelas quimbas de cigarro caro do El Corte Inglês. Não seria justo, seria ? eu não sabia.

Eu não consegui deletar. Todos tem motivos pelos quais agem de certa forma. Não que eu possa compreender tudo, entretanto, percebi que tudo muda, que eu não sei o que acontece nos quatro cantos do universo, que eu não sinto tudo do mundo, que eu simplesmente, existo singular e isolada como todos os outros. Minha dor é só minha.

« Nao é por nada nao Aninha, mas vc me inspira!!! To pensando em ti direto!!!” e recebi esta mensagem às duas da madrugada, horário de Brasília.

Estava muito sol, verão na Catalunia. Barcelona é solar, é clara, é antiga, como se existisse um filtro âmbar por sobre as paisagens. Eu andava em direção ao Castelo de Montjuic.

- Oi, licença. Você sabe como eu chego ao Castelo? – eu perguntei à única pessoa naquela ladeira.

- Eu estou indo para lá também – ela respondeu com um sorriso.

Uma russa, parecida com uma matrioska, mas fashion. Fomos até o Castelo conversando sobre nossa viagens. Ela também estava fazendo um mochilão. Falávamos de como é impossível entender o inglês dos ingleses, de como ficávamos mais caçadoras quando sozinhas, de como era legal andar por aí sem saber o que iria acontecer, das baladas, dos homens, das roupas.

E quando percebemos, estávamos na frente do Montjuic. Não sabíamos se era necessário comprar ingresso ou não. Entramos em uma sala de informação, e haviam três homens. E eles falavam português. Um estava sentado à mesa e parecia trabalhar lá. Era mais velho, talvez uns 40 anos, mas ainda bonito. Os outros dois eram bem diferentes um do outro. Um, bem alto, com blusa sem mangas. O outro, parecia ou designer, ou músico, ou poeta. Vinha em uma bermuda, camiseta e umas bolsas e pochetes amarradas nele. Haviam cachos por toda parte em sua cabeça e eu senti vontade de fazer cafuné.

Conversamos todos, rimos, e os três eram incrivelmente gentis. Eu quis abraçar os três. Descobri que os dois que não haviam nada um com o outro eram irmãos. Na verdade, eles tinham, ambos eram amáveis. E não importava jamais o que seus sinais externos gritavam, eles eram homens, bons homens.

Tiramos uma foto, os dois, eu e minha queria russa. Eu queria me apaixonar por Tiago. De qualquer forma, eu não o veria mais. Nunca mais. E também não estava muito preocupada com isso.

Eles iam para Paris no mesmo dia, eu iria daqui há 4 dias. Pediram-me indicação de albergue e eu dei o telefone do que eu ficaria mais tarde. Não trocamos e-mail, nem nenhum contato. Éramos viajantes. E pronto.

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