quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Malboro vermelho

Nós ficamos sempre esperando algo maior, algo que nos complete. E este mal estar continuo tem me deixado amarga e um pouco frustrada. Sou uma menina de 23 anos, mas já começo a dizer 24. Já me sinto mais velha, mesmo percebendo que ainda sou muito nova. Penso muito no futuro e acabo esquecendo que a vida está acontecendo agora e também tenho culpado inocentes pelos meus erros frequentes. Estes dão-se por preguiça. A pior doença é a preguiça. Como posso mudar minha situação sem um pouco de esforço e entrega?

Alguns já tentaram ajudar-me. Irrelevante. Não sei de qual tipo de ajuda preciso: financeira, pessoal, professional... vivo em um constante diálogo vazio.


E arrumar um marido não resolverá a questão. Já tentei viajar, também não me completou. Sinto-me sozinha e um pouco perdida quando estou flutuando pelos países.

Então, qual é o motivo? O que poderia me libertar desta dor gratuita que sinto diariamente?

Uma vez em um voo de São Paulo para Orlando eu conheci um advogado apaixonado por filosofia. Ele disse-me que quando nosso ser-ai está perdido no vazio, tendemos a melancolia.

Estávamos falando uma animação stop-motion que eu estava fazendo para a faculdade. No final das contas, acho que era eu mesma o personagem perdido.


E a cada mês, quando a TPM chega, as coisas pioram bastante. Sinto minha vida parada, completamente estagnada em um vazio que tende a aumentar com os anos. E tenho muito medo de ficar sozinha. Ou uma solteirona de 40 anos. E daqui para frente os anos passarão cada vez mais rápido. Ninguém me chama para festas, nem mesmo para sair. Um chopp qualquer? Que nada. Não escolhi a solidão, mas de dois anos para cá, ela que me escolheu. Apesar de morar com mais oito pessoas, ainda estou no vazio.


Então, onde acharei o que poderá me consumir? Um projeto para a vida? É disso que preciso. Talvez um MBA qualquer, talvez sexo.

Abri o Facebook e li o seguinte na parede de um amigo: If you didn't know you could fail, how far could you go?

Acho que penso bastante na falha, e no final fracassado. É importante ver tudo rosa, e ter sabedoria para saber que é preciso esperar pacientemente e concentrada.


Não diria isto em um dia normal, mas hoje direi. Acha que sua vida acabou? Fume um Malboro vermelho e seus problemas ficarão mais leves. Pense com calma. É importante refletir.

É importante que você esteja bem bonita para sua imagem refletida ser compatível.

sábado, 4 de setembro de 2010

I hate flash!

Se moda é o que importa, então on y va ? Vamos juntar tudo o que gostamos : a arte, a fotografia, a bebida, o sexo, a droga, a lorota e até o flash. Por que não o flash ? Gostamos ? Ah ! É verdade, não gostamos. Mas as coisas mudam, e o que parecia ser out of planet começa a ficar cool por conta de uma nova representação. E assim continuamos contando a história através do pictórico.

Eu estou falando dos « I hate flash », uma galera super antenada que começou fazendo fotos de festas por diversão (nossa ! assim como eu no primeiro ano de faculdade) e agora estão mega requisitados no circuito fashion-arte-money-fucking-I’m Famous.

Quer saber o que a galera está vestindo nas baladas (será que ainda se fala assim ?), então vá agora dar um coup d’œil no site destes fotógrafos com uma visão estética bem colorida. As fotos parecem um ensaio fotográfico de revista de moda. É super.

Eu sei, eu sei, eu estou um pouco afetada hoje pelos signos da moda. É natural, estou há 3 horas lendo a Vogue. Whatever ! We love fashion, yeah !


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ça c'est vraiment toi - Téléphone


Depois de « Ça m’enerve », « Ça, c’est vraiment toi » do Téléphone é minha música favorita em francês. Dá muita vontade de dançar. É um pouco americanizada, mas ao seu modo passa a energia da juventude francesa dos anos 70/80. E de qualquer forma, que país não sofre graves influências do bom rock americano dos anos 70 ? Não há mal algum inspirar-se no que é bom. É por ser eletrizante que deixo a dica de ça.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Milhazes de dólares

E se for medo ? Eu poderia dizer que sim. Eu estou há dois dias devastada pelos meus medos, furiosa por uma possibilidade de falha. Por fim, pergunto-me : e qual é a diferença ? O que me trará realmente a glória ? E o mais importante : o que é a glória ?

Debato-me entre mundos avessos, entre discursos homólogos, vejo-me presa em descrições que nem sempre têm nada a ver com o real sentido daquela dialética. E causa-me até ira. São jogos, são politicagens. São políticas. A mesma política que fez da narrativa algo secundário, da arte algo banalizado e de todos os sentimentos algo fragmentado.

Na realidade, eu apenas gostaria de saber o conceito inicial da criação. Deixe-me ser mais clara. É como o cinema e a pintura. O cinema já foi feito para ser reproduzido, e este é seu conceito inicial. A pintura, não. É algo divino e divinizante, é puro e cruel. É sublime tal como um limão. Ou uma laranja. Então qual será a glória de cada um ?

Eu fico triste em ver « artistas » conversando com conceitos estranhos ao seu universo, ganhando milhazes de dólares por elementos gráficos e esquecendo-se do pictórico. E tornam-se divertidos e fofos, tal como a Sandy, o Faustão e a Xuxa. E o pior é ouvir « eu sou uma artista bem sucedida ».

Apenas três letras para esta frase : W T F.

Este discurso é excelente para um advogado, para um economista e até para um designer que já formula sua criação como algo reprodutível e economicamente viável.

Confesso que esta análise deixou-me doente, com dor de barriga e dor de cabeça. Perdi meu domingo, minha carne apodreceu na bancada e eu perdi a Callas.

Eu realmente não quero convencer-me de que ser artista é ser bem sucedido (R$), pois se este episódio acontecer, será o mesmo que dizer que minha vida foi em vão, que tentar entender milênios de história foi obsoleto, que todo o sentimento do universo não teve narrativa e que eu me resumo em um cheque pré-datado. Eu não admito isso e se ainda existe algo em que eu acredite, é a arte. É o que me resta, é minha redenção.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Parole Parole de Dalida

Todas as mulheres conhecemos as promessas. E bem gostamos delas, algumas deixam repousar sobre o coração e outras já sabem que este vento leva para longe também nossos planos. Eu gosto de ver a brisa passar, de ler palavras de amor, de me recompensar pelo árido mundo. Elas fluem e depois padecem pela mesma causa das quais nasceram. É tudo tão étereo e fugaz. Papo besta, o meu. Mas quando ele vier dizer tudo aquilo novamente, diga apenas Parole Parole Parole. E você sairá de fina e elegante que é, pois ninguém conhece melhor as engrenagens do amor como os italianos e os franceses. E por este motivo eu indico Parole Parole da Dalida. À todas aquelas mulheres que como eu têm medo de ganhar flores. Depois explico o porquê.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Maria Callas - Habanera de Carmen Bizet

Ópera para mim era algo estranho, fora da minha atmosfera. E graças à série Callas e Onassis do GNT, eu pude ter o prazer de conhecer esta arte tão poderosa que localiza-se entre o tempo e o espaço. É poesia cantada, é pintura dançada, é sobretudo, sublime. É por estas e outras razões que ainda não sei descrever, que indico Maria Callas. Dentro do meu empirismo lúdico, fico com Habanera de Carmen Bizet.

Canal: GNT

Horário: Domingos às 23h

Amalia Giacomini - vazio inventado


Hoje fui à Itaipava, aquela da infância distante, do jardim gramado, da piscina-Cazuza, da sinuca-streape-tease, da lareira-pitoresca, da boêmia-Circo Voador. Não da minha, mas de meus pais. Andei bastante e não cabiam as ruas. E sempre sobrava uma e mais uma e mais uma e outra assim. Na verdade, não era Itaivapa, era a rua João Borges na Gávea.

Exposição : Amalia Giacomini – vazio inventado

Galeria : Mercedes Viegas | Arte Contemporânea

Local : Rua João Borges, 86, Gávea, Rio de Janeiro

De 2 a 28 de agosto de 2010

Cheguei à porta da galeria, e não havia placa e nenhuma indicação. Respirei fundo e apertei o interfone. Minha voz tremeu um pouco, galeria sempre representa o medo da rejeição. Seremos bons o suficiente para adentrar aquele espaço? O melhor é não pensar, e entrar logo. Fui apresentada à Mercedes Viegas. Ela deixou-me muito à vontade. E a partir de então, pude fluir.

Olhei as peças e não entendia. Buscava e buscava e não entendia. Resolvi ceder espaço ao tempo. Bem devagar, comecei a sentir remorso, abandono, uma solidão controlada, algo sutil, e até mesmo bom. Como se eu visse alguém partir, deitada, jogada no chão e dali pudesse ver apenas as linhas do assoalho.

Mas depois, não aguentei e sai correndo. As linhas horizontais tornaram-se as linhas do muro. As setas no chão indicavam o caminho, caminho do corpo, corpo este preso, amarrado por pontos certos, ferindo a carne, puxando e esticando, buscando ser jovem novamente.

É aéreo, vejo além. E criam imagens-cores do além, além-ser, além-montanha, além-pensamento. Bem depois do que se poderia seguir, indicando o lugar, este lugar nenhum. Lugar meu, de todos, do meu coração, do meu corpo sem fim no seu espaço sem limites com limites, sem vasão me invadindo, evasivo. Discutindo o meio, a áurea, a alma, fecho com rigor. Deixo para trás meu campo pictórico de um espaço virtual e vou embora. Cerro a janela e fujo. Deito no chão e vejo você partir, sem caminho, sem destino. Adeus!