quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Nova abordagem

Nesta postagem mudo bastante a aboradagem do blog e seu conceito. Entretanto ainda são parâmetros que fazem parte do meu mundo. Segue, então, uma analise das tribos da primeira década dos anos 2000.


O fim de tribos marcadas pela ideologia niilista dá-se também a crescente mentalidade de respeito às diferenças e à natureza, muito em voga nos tempos atuais. Elas tornaram-se mais um estilo de vestuário e de lazer do que agrupamento de ideologias. Talvez os maiores ideais hoje sejam: cuidar do planeta de um lado e faturar do outro. Por conseguinte, ao invés de excluir busca-se unificar, incluir nos dois casos tanto para cuidar quanto para vender. A tribo dos interessados e dos desinteressados define bem a condição atual.  Hoje em dia a busca por saúde psicológica tem movimentado multidões. A tribo dos desinteressados caminha para a “idiotização” vista no filme “Idiocracy” de 2005 no qual o presidente dos Estados Unidos é negro e o povo é imbecil, preconceito latente e próprio de alienados. A falta de ideologismo ou o seu apodrecimento para uma diretriz extremista de capitalismo, alienamento com o excesso da massificação capitalista tornando até coisas boas como o jazz em produto vulgarizado de trilha de novela das 8.

            A frase “Não sou jovem o suficiente para saber tudo” de Oscar Wilde define bem esse niilismo próprio das tribos de jovens. Negar tudo e todos é característica marcante destes já por pensarem entender em absoluto como funciona a vida. É latente a migração de pessoas participantes ativas de tribos quando são forçadas a entrar no sistema pelas imposições da vida. Caso “João Gordo”. Punk-rock que vira apresentador de canal de música Mtv e atua em propagandas. Ele tem que alimentar a família. Voltamos a uma animalidade definida por Rousseau, para um animal vale tudo; ele não busca fugir de seu destino e sim, aceita-o. Quando desistimos de ideais e entramos no sistema porque precisamos pagar contas, estamos de certa forma agindo como um leão passando fome, rodeado por bananas. Não queremos modificar a realidade. Porém por Rabaut Saint-Étienne na Revolução Francesa “Nossa história não é nosso código”. Este é o conceito humano. Nós nos tornamos humanos pela nossa arte e a arte nos tornou humanos. Nós pensamos e modificamos. Será?

            O número de tribos urbanas cresce vertiginosamente e isto leva a crer em uma falta de qualidade. Nasce, então, uma nova tribo: a virtual. Que nada mais é do que as já tribos utilizando os meios virtuais para expandir-se e a partir daí vimos brotar nossas vertentes. As tribos virtuais podem ser divididas em:

·        Pessoal

·        Financeira

·        Didática

·        Compartilhamento

 

            A internet foi criada como arma de guerra nos Estados Unidos no fim dos anos 60, para mais tarde torna-se correio eletrônico. O problema era a pequena quantidade de pessoas que tinham acesso a ela. Foi quando surgiu o www e os site de mecanismo de busca. Daí a internet difundiu-se e não parou mais. Nesse novo mundo vimos uma diferença interessante das tribos até os anos 90 e as atuais: antes para encontrar respostas os jovens usavam drogas, hoje em dia vão ao Google. Obviamente este fato não cessou e nem diminui o uso de drogas, entretanto, modificou o conceito de uso. Tal quais as drogas a internet também pode tornar-se um vicio perigoso acarretando distanciamento interpessoal, apatia e depressão. E talvez este seja um grande motivo pelo qual tribos urbanas estão cada vez mais desagregadas já que muitos jovens dão preferência a ficar em casa na frente dos programas de mensagens instantâneas como MSN, ICQ, entre outros. É o miojo digital.

            A intercomunicação dentre as tribos virtuais é amplamente visível. A tribo virtual pessoal é marcada com a invenção do site de relacionamento “MySpace” e “Orkut”, usada pela maioria das tribos urbanas para a divulgação de eventos, discussões, relacionamento e até motins. Fato evidenciado na maioria das vezes por torcedores de futebol e “skinheads” que combinam no mesmo, reações violentas em eventos. Estes sites foram também os grandes disseminadores da tribo “EMO”, conhecida mundialmente e que agrega adeptos todos os dias, mesmo a maioria deles nem mesmo sabendo ao certo o que é ser EMO. E então a pergunta: Por que fazer parte de uma tribo? Esta pergunta é difícil de ser respondida. A finalidade, terceira interrogação fundamental da filosofia de acordo com os estóicos, Kant, Nietzche ou mesmo Heidegger é uma problemática eterna.

            Há várias suposições, e poderíamos dizer ser uma delas, hoje em dia, o lucro. Quando há participação em tribos, consequentemente haverá produtos específicos para aquele grupo, gerando assim renda. Isto é capitalismo. E quanto mais as pessoas migram de uma tribo para outra, mais compram, logo, mais se endividam.

            Cada uma destas tribos virtuais engloba várias tribos urbanas, como por exemplo, as tribos virtuais financeiras que geram na internet o mundo dos negócios. Existem espaços de discussão e até mesmo atividade financeira virtual. Já é possível investir na bolsa de valores pela internet. Os “yuppies” iam adorar essa novidade. Iniciativas do governo tornam a palavra acessibilidade algo muito fundamental, por conseguinte estão implantando bases didáticas virtuais em escolas públicas. Inclusive foi este o argumento principal da então candidata a prefeitura do estado de São Paulo, Martha Suplicy. E foi assim também o inicio da internet, após ser arma de guerra passo a ser ferramenta de universidade. Foi vista a necessidade de aproximar os alunos deste meio tão disseminado que é a internet. Aprender virtualmente aproxima os estudos do mundo dos jovens, facilitando assim, a sua absorção. É possível pesquisar, fazer trabalhos pelo MSN (programa de bate-papo), e até aprender línguas como é o caso do site Francoclic, parceria entre a Embaixada da França no Brasil e o Ministério brasileiro da Educação para responder a um verdadeiro pedido dos atores da língua francesa no Brasil. O mundo virtual tem possibilidades infinitas.

            E por último a tribo virtual do compartilhamento. É possível baixar (palavra usada para passar o arquivo da internet para o computador) músicas, filmes inteiros e o que mais estiver ali. É para estas tribos virtuais que praticamente todas as tribos urbanas estão direcionando-se. É no mundo digital e interativo que podemos, por exemplo, assistir e ter informações simultâneas de uma regata na Austrália e ainda poder interagir com o evento em uma página, em outra a possibilidade de aprender, compartilhar, comprar e relacionar-se ao mesmo tempo.

            Até as tribos intelectuais aderiram à modernidade. A livraria Cultura criou o “Contos da Cultura” onde blogueiros (pessoas que escrevem em blog) podem postar seus contos. E o blog é um outro agrupamento de tribos. Todos podem escrever e expressar suas idéias e ideologias. Ai nasce um limiar fino entre informação e lixo.

            Um exemplo legal de bandas que passeiam por estas tribos virtuais são os Detonautas Rock Club e os Arctic Monkeys. Os primeiros começaram por site de bate-papo quando o vocalista procurava um guitarrista (tribo virtual pessoal), passando para site como MySpace, o que ajudou a banda a divulgar o trabalho (tribo virtual financeira). E ainda é possível “baixar” suas músicas (tribo virtual de compartilhamento). Para a segunda banda não foi muito diferente. Até David Lynch, diretor de sucessos como Blue Velvet,  já diz ser a internet o grande futuro de todas as mídias. Rádios, televisão, cinema estão adaptando-se a essa nova realidade. Temos a WTN (Web & Television Network), nada mais que uma televisão na internet, deixando assim as informações acessíveis para quem quiser: para a tribo dos interessados.

            Para a tribo dos desinteressados é resta apenas um futuro parecido com o de “Idiocaracy”, lixo e poluição visual e sonora.

            Este é o mundo digital, o lugar que não existe fisicamente, porém é a nova casa das tribos. Qual é a sua?

 

 

Trazendo para o design

           

·        Comunicação

·        Concepção

·        Consumo

·        Cultura

·        Cultura material

·        Custo

·        Desejo

·        Informação

·        Mercado

·        Necessidade

·        Prazer

·        Racionalidade

·        Significado

·        Sistema

·        Sociedade

·        Usuário

·        Computação gráfica

·        Indústria

·        Inovação

·        Invenção

·        Produção

·        Qualidade

·        Técnica

 

 

 

Bibliografia:

Ferry, Luc Vencer os Medos: a filosofia como amor à sabedoria; tradução Claudia Berlinder. – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008

Coelho, Luiz Antonio L. ( organizador) Conceitos-chave em design 2008

Conhecimentos gerais

Programas de televisão

Internet

Rádio

Entrevistas com Agnaldo Barbosa e Marcos Alcântara

Pesquisas de campo na Universidade de Franca